63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | O DIÁRIO ÍNTIMO COMO ESCRITA FEMININA ENTRE OS SÉCULOS XVII E XX |
Autor(es): | Adriana Batista Lins Benevides. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024 |
Palavra-chave | Dirio ntimo, escrita feminina, Histria da Cultura Escrita |
Resumo |
No Ocidente, na Idade Média, os gêneros diarísticos eram práticas inicialmente masculinas, escritos por homens da corte que narravam guerras, viagens, descobertas, fatos históricos, o cotidiano etc. – o que podemos também chamar de crônicas. Esses diários de caráter totalmente público eram divulgados e até mesmo publicados. As mulheres da corte que sabiam ler e escrever também almejavam ter as suas escritas pessoais publicadas, mas cabia aos homens decidirem o modo como os diários deveriam ser publicados. Isso acabou silenciando as vozes de muitas mulheres que exerciam essa prática. Assim, muitos diários produzidos por mãos femininas foram deixados à margem e desvalorizados. Com o passar do tempo, o gênero diário, de domínio masculino no Ocidente, se tornou uma prática também popular entre as mulheres. Os diários de mulheres escritos entre os séculos XVII e XIX revelavam a expressão de suas vidas; seus registros eram influenciados pelas funções assumidas por elas em seu lar. A partir dos estudos desenvolvidos pela História Cultural e pela História da Cultura Escrita, que proporcionaram abordagens diferenciadas dos registros escritos à margem da história dita oficial, tornou-se possível estudar e analisar documentos escritos por pessoas consideradas “simples”, “comuns”, tais como os diários íntimos. Assim, considerando esse percurso, coerentes com as perspectivas de estudo da História Cultural e da História da Cultura Escrita e concebendo o diário como um gênero discursivo (BAKHTIN, 2011) que guarda/conserva os registros pessoais de um(a) diarista – em geral, relevantes acontecimentos do seu cotidiano, seus sentimentos e confidências que, nesse gênero, se materializam e mostram o universo cultural e psicológico de um indivíduo –, delineamos nosso objetivo de investigação, que consiste em descrever como se dá a relação da mulher com o diário íntimo do século XVII ao XX. Para atingirmos esse objetivo, valer-nos-emos do aparato teórico-metodológico proposto pelo campo da História da Cultura Escrita: Chartier (1990, 2010), Petrucci (1999) e Castillo Gómez (2003) e também recorreremos às reflexões desenvolvidas por Lejeune (1997, 2008), Alberca (2000), Muzart (2000), Cunha (2000, 2009), Oliveira (2002) e Henrique (2008). Esperamos, com esta comunicação, contribuir para os estudos da prática diarística, já que, no Brasil, são poucas as pesquisas que tratam desse assunto. |