Programação do 63º seminário do GEL

O presente trabalho tem por objetivo analisar o tempo e a memória na narrativa de Svevo, concentrando-se em seu primeiro romance Uma Vida (Una Vita) e no conto Curta Viagem Sentimental (corto viaggio sentimentale), nos quais manifestam um olhar sobre a centralidade do tempo, não só na constituição dos horizontes de compreensão do real propriamente humano, mas também ao apresentar uma noção mais precisa do vínculo indissolúvel que existe entre temporalidade, a memória e escrita literária.   O desdobrar de várias categorias conceituais relacionadas a várias dimensões do tempo parece apontar para a manutenção da validade do ponto de vista sobre a relação literatura e sociedade. A estrutura do tempo humano em relação a do tempo narrativo na obra sveviana modifica-se de uma narrativa para outra, e muda radicalmente no tempo substancial que se interpõem entre Una Vita.  Para isso, utilizaremos como base de estudo Paul Ricouer (1994), no intuito de desvendarmos os processos temporais no romance e no conto de Svevo. Para Ricouer, a aporética do tempo reporta para a memória, entre a configuração e sua refiguração pela narrativa. Assim, constitui-se a retomada de uma memória, na qual a aporia consiste na temporalidade psicológica, que se acrescenta a temporalidade cosmológica, sem poder deslocá-la e sem que nenhuma e nem outra, seja tomada separadamente. Propomos seguir pistas dessa evolução, primeiro com a inserção de algumas reflexões sobre as normas e as formas de temporalidade na obra de Svevo, para depois delinearmos a perspectiva a respeito da memória, por uma visão teórica literária, como também, destacar a transformação da espécie e da estrutura fundamental da definição da identidade humana em geral. Para, então, apresentarmos essa transição que a narrativa sveviana realiza entre o tempo e, por conseguinte, a memória. Dessa forma, procuraremos expor esses percursos que a escrita literária de Italo Svevo realiza.