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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Veja e Carta Capital: prática epistolar como estratégia de veridicção
Autor(es): Matheus Nogueira Schwartzmann. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave veridico, prtica epistolar, cartas dos leitores
Resumo

Tendo como base os pressupostos da teoria semiótica francesa, especialmente a teoria das práticas semióticas desenvolvida por Jacques Fontanille, o presente trabalho tem por objetivo analisar cartas dos leitores e editoriais (cartas aos leitores) de duas revistas brasileiras de grande circulação (Revista Veja e Carta Capital), buscando compreender o papel estratégico que desempenham nos veículos de comunicação, especialmente em relação aos regimes de persuasão os quais convocam. Primeiramente, do ponto de vista de seu papel estratégico, acreditamos que os valores e as formas de vida construídos no interior das cartas, aliados às estratégias de veridicção convocadas por essa prática epistolar, atuam tanto na construção dos efeitos de sentido de imparcialidade e autenticidade – atributos do discurso jornalístico – quanto no fortalecimento dos valores particulares de cada revista, apontando para um processo de assimilação entre as identidades dos leitores e dos editores.  Em um segundo momento, tendo como ponto de partida a proposta de Fontanille de hierarquização dos níveis de pertinência da análise semiótica, buscamos ultrapassar a abordagem do nível do texto-enunciado, desdobrando assim o objeto-textual: as cartas dos leitores e os editorias passam a ser compreendidos como prática semiótica eficiente construída graças às relações que estabelece com outras práticas (a publicitária e a editorial, por exemplo) e com as coerções apresentadas pelo suporte de inscrição. Nossa hipótese principal é a de que essa “prática semiótica eficiente”, já bem estabelecida nas revistas semanais, permite, ao mesmo tempo, consolidar a imagem da revista e sua mensagem, valendo-se da própria mensagem dos seus leitores, e também mostrar a diversidade (ou a quantidade) de valores coincidentes ou dissidentes com os da própria revista. Nessa perspectiva, as cartas deixam de ser apenas troca epistolar e passam a agir como uma espécie de mecanismo de persuasão que contribui, ainda mais, para a construção da imagem de um leitor ideal.