63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | AS RELAÇÕES DE ESCOPO ENTRE TEMPO E ASPECTO EM ALGUMAS LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS |
Autor(es): | Edson Rosa Francisco de Souza. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 09/05/2025 |
Palavra-chave | Gramtica Discursivo-Funcional, Tempo, aspecto e modo, Lnguas indgenas |
Resumo |
Segundo Comrie (1985), Anderson e Comrie (1991), Palmer (1986) e Ilari (1989), as categorias de tempo, aspecto e modo, apesar de serem funcionalmente distintas, estão ligadas entre si, razão pela qual, muitas vezes, torna-se difícil estabelecer parâmetros formais e funcionais adequados para analisar essas categorias gramaticais, que podem variar entre as línguas em relação ao modo como são codificadas morfossintaticamente. Tomemos como exemplo a língua indígena Shawã, como em (1), que, diferentemente do português, apresenta um morfema para designar cada uma das categorias gramaticais e também uma ordenação específica quanto ao verbo: Shawã (SOUZA, 2012: 79) (1) aihu-nu manja-ø sui -ka -u -ki mulher-Erg banana-Abs assar-IMPERF-PassRem-DECL ‘A mulher está assando a banana.’ Como se vê em (1), cada uma das categorias gramaticais é codificada na língua por um morfema específico: o morfema {-ka} marca o aspecto imperfectivo, o morfema {-u} marca o tempo passado remoto e o morfema {-ki} indica a ilocução declarativa. Além disso, pode-se notar que a ordem dos marcadores de tempo, aspeto e modo com relação ao predicado da oração segue o seguinte padrão de ordenação: o aspecto imperfectivo>tempo passado-remoto> ilocução declarativa, fato que é resultado, segundo Hengeveld (2011), das diferenças de escopo entre essas categorias: nesse caso, o aspecto imperfectivo, que especifica a estrutura temporal interna do evento, está dentro do escopo da marcação de tempo passado remoto, que, por sua vez, é responsável por especificar a constituição temporal externa do evento. Ambos, aspecto imperfectivo e tempo passado-remoto, estão dentro do escopo da ilocução declarativa, que indica a intenção comunicativa do falante. Assim, o nosso objetivo é analisar, sob a perspectiva teórica da Gramática Discursivo-Funcional (HENGEVELD e MACKENZIE, 2008), as relações de escopo entre as categorias de tempo, aspecto e modo em algumas línguas indígenas brasileiras (Parkatejê e Xerente, da família Jê, e Matis, Shanenawa, Shawã, Arara, Katukina e Yawanawá, da família Pano), levando-se em consideração o princípio de ordenação dessas categorias gramaticais no tocante às camadas de organização da GDF. Para tanto, utilizamos como córpus de pesquisa dados secundários provenientes de gramáticas indígenas disponíveis na internet. |