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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Um Teatro da Violência: In-Yer-Face, a Dramaturgia Gestada na Era Thatcher
Autor(es): Mayumi Denise Senoi Ilari. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave In-Yer-Face Theatre, Teatro Britnico, Teatro moderno e contemporneo
Resumo

A presente comunicação discute brevemente o movimento “in-yer-face” (IYF), nome cunhado pelo crítico britânico Aleks Sierz e atribuído a um tipo de teatro que surgiu na Inglaterra nos anos 1990, escrito por uma geração de novíssimos dramaturgos, nascidos e criados na conservadora e opressiva era Thatcher. De fundo abertamente político ou não, esse teatro, violento e extremo em sua crueza, conseguiria (num momento em que nada mais pareceria ser capaz fazê-lo)  chocar profundamente as plateias e boa parte da crítica londrina, que veria em suas encenações amargas e extremamente pesadas um mero “festival desagradável de nojeiras” a ser execrado, tornando-o alvo de inflamadas discussões e controvérsia.  Não obstante (e defendido por dramaturgos como Harold Pinter, Caryl Churchill e Edward Bond), o IYF se tornaria um grande sucesso de público entre a platéia mais jovem, não habituada ao teatro, e sua influência, que se tornaria de peso, se estenderia às novas gerações de dramaturgos, com produções extremamente radicais tanto em termos das temáticas abordadas quanto de suas inovações formais e cênicas. Para além da violência e repugnância extremas, esse teatro desvelaria, como discutiremos, toda uma percepção de mundo que sua geração vivenciou, desde o nascimento, sob o governo regido durante o domínio da “dama de ferro”. Se no longo período desse domínio o teatro de contestação de todos os tipos fora banido ou suprimido, dentre a nova geração, temas recorrentes e repugnantes como violência, drogas, xenofobia, homossexualismo, crueldade extrema, misoginia, entre outros, aparentemente isolados em seu horror privado, são ressignificados no teatro IYF face ao pano de fundo do neoliberalismo, do individualismo e da globalização onipresentes. Partindo da noção teórica da crise do drama proposta por Peter Szondi, assinalaremos passagens do teatro IYF por matrizes teóricas do teatro do absurdo, do teatro da crueldade e mesmo do teatro épico, discutindo as novas formas e figurações da violência tecidas por esse novo teatro como elemento central para seu efeito peculiar de estranhamento dramatúrgico e cênico que se mostra, ainda nos dias de hoje, capaz de levar o espectador a questionar o mundo que o cerca, mesmo num século em que tudo parece já ter sido visto, vivido ou relatado.