Programação do 63º seminário do GEL

A Enunciação, quando pensada no ensino e aprendizagem de línguas, oferece uma vasta gama de possibilidades de trabalho em sala de aula de Língua Portuguesa. Esses trabalhos, buscando promover uma ampliação da competência discursiva dos alunos, seguem uma direção muitas vezes diferente de exercícios tradicionais que podem ser vistos em sala de aula. O interesse é, por meio da exploração da atividade epilinguística, trabalhar com a paráfrase como método de ensino. Esta comunicação, fruto de discussões promovidas em um pós-doutorado voltado a pensar as relações parafrásticas e o ensino e aprendizagem de línguas, apresenta uma possível exploração especificamente das operações de quantificação e qualificação em sala de aula. A partir de materiais autênticos, com os quais os alunos deparam-se em seu dia-a-dia, propõe-se explorar propriedades linguísticas interessantes que estão envolvidas no trabalho com língua e linguagem que fazemos como enunciadores. Juntamente com a modalização, a transitividade, o tempo e o aspecto, apresentados pela “Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas”, do linguista francês Antoine Culioli, a quantificação e a qualificação são operações de linguagem que podem ser veiculadas de variadas maneiras pelas diferentes línguas naturais. A paráfrase e a ambiguidade, por sua vez, são vistas como mecanismos linguísticos centrais, que permitem explorar essas diversas operações de linguagem. Rezende (2000), em reflexões voltadas a uma aproximação entre a teoria culioliana e o contexto educacional, defende a ambiguidade como constitutiva da linguagem. A partir dessa concepção, compreende-se o trabalho com a linguagem como um incessante proliferar de enunciados, cada qual com uma particularidade que deve ser ressaltada em um processo de busca por refinamento linguístico. A observação de nuances significativas veiculadas por variadas marcas linguísticas a cada enunciação envolve estimular a epilinguagem, abordada por Rezende (2008), permitindo a promoção da reflexão dos alunos. Acreditamos nessa busca pela acuidade linguística como um caminho interessante a ser percorrido no ensino e aprendizagem de línguas. Para trilhá-lo, língua e linguagem estão articuladas, levando a um não dissociação entre gramática e produção e interpretação de textos. (Apoio: FAPESP – Processo 2012/14200-9).