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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Cotidiano, sujeito, conexão: um fluxo significante
Autor(es): Marcos de S Costa. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Cotidiano, Sujeito, prticas
Resumo

O cotidiano se apresenta, de algum modo, quase sempre recoberto pelo que poderíamos chamar de um estatuto de normalidade, pelo qual as coisas no mundo são tomadas como evidentes. Esse estatuto que confere às coisas no mundo um lugar. Lugar determinado e, paradoxalmente, determinador dos modos de estabelecimento de valor, de função, de utilização, nos quais o sujeito se engancha (ou é enganchado?) ou se estranha, dele não podendo fugir, apenas resistir. Na cena   que põe em jogo o movimento citadino encontramos o sujeito enquanto esse agente do cotidiano. Um sujeito que, na maioria das vezes, não se espanta, não se estranha quanto ao lugar conferido as práticas cotidianas, tomadas como normais, necessárias, inevitáveis, incontornáveis. O que nos move o interesse na direção de buscar compreender "o aspecto do homem ordinário” (COURTINE; HAROCHE; 1988, p. 41-42) imerso naquilo que se apresentava diante dos olhos, na circularidade da cidade, no espaço das práticas cotidianas mais despretensiosas, na simplicidade da aparência e do estatuto de normalidade produzidos no ordinário do sentido, lugar onde o ideológico funciona na produção de um “universo de referência”. (COURTINE; HAROCHE; 1988, p. 42) Desse modo,   buscamos a nesga que nos fisga nessa cotidianidade das relações de sentido: uma injunção ao uso da tecnologia, mais precisamente do celular, nos lugares urbanizados, no cotidiano da cidade, enquanto espaço de circularidade. Para empreendermos o caminho proposto é preciso não deixar de considerar o “caráter oscilante e paradoxal do registro do ordinário do sentido” (PÊCHEUX, 2006[1990], p. 52, grifo nosso) Só assim será possível manter os distanciamentos necessários - não fazendo deste trabalho um panfleto pautado em impressões subjetivas - e as precauções teóricas que fazem da Análise do Discurso, suporte desta proposta de comunicação, uma “teoria não-subjetiva da subjetividade”. (PÊCHEUX,1997[1975], p.134) Objetivamos, assim, buscar compreender, operando com uma “materialidade significante” fotográfica (LAGAZZI, 2010), as relações de sentido que se estabelecem quando o sujeito se vê em meio a um espaço público que produz uma injunção à conexão - a disponibilização das redes Wi-Fi por exemplo. Baudrilard afirma que “todo objeto transforma alguma coisa”. (BAUDRILARD, 2012[1968], p. 10, grifo nosso). Buscamos compreender como o celular tem modificado as práticas/relações sociais, uma vez que ele se apresenta como possibilidade de conexão nos mais diverso lugares da vida social pública e privada.