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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Questões de linguagem no processo de envelhecimento: uma abordagem enunciativo-discursiva em Neurolinguística
Autor(es): Larissa Picinato Mazuchelli. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave neurolingustica, envelhecimento, discurso
Resumo

Introdução e Jutificativa: Neste trabalho, que é parte de um projeto de pesquisa mais amplo sobre a linguagem no envelhecimento, investigamos alguns aspectos do discurso sobre envelhecer, caminho que nos ajuda a compreender a rede de sentidos em que os idosos estão inseridos em nossa sociedade e as consequências disso para sua condição linguística e social, já que a escassez de reflexões na literatura neuropsicológica tradicional sobre aspectos linguísticos do discurso do idoso pode levar à patologização de aspectos linguístico-cognitivos, à adoção de procedimentos terapêuticos que negam ao sujeito um lugar em que possa interagir com e na linguagem (Coudry, 1986/1988, 2010; Novaes-Pinto, 1992, 1999) e, assim, à chamada “social death” (George, 2010). Além disso, acreditamos que essa investigação justifica-se devido às projeções estatísticas do IBGE que apontam para um crescimento de 26.7% da população com mais de 65 anos até 2060 (dados referentes à pesquisa realizada em 2010). Objetivos: Apresentar uma breve discussão sobre os sentido(s) no/do envelhecimento, com base em expressões frequentemente associadas a esse processo. Como exemplo, citamos: “declínio”, “perda”, “lentidão”, “não fala coisa com coisa”, “isso é coisa de velho”, “isso não é pra idade de um senhor” (cf. Novaes-Pinto, 2009), buscando compreender, assim: (i) o que é dito sobre o envelhecimento na literatura neuropsicológica tradicional e em alguns dos principais veículos de informação; e (ii) o que pessoas com mais de 65 anos dizem sobre a experiência de envelhecer, a partir de relatos e testemunhos extraídos de veículos de informação. Aspectos Teórico-Metodológicos e Discussão: Fundamentados na Neurolinguística enunciativo-discursiva, concebemos a linguagem como um lugar de interação e interlocução de sujeitos, indeterminada, incompleta e passível de (re)interpretação, em que tanto o sujeito quanto ela própria se constituem em um movimento dinâmico (cf. Franchi, 1977; Coudry, 1986/1988, Geraldi, 1990) e, assim, podemos observar que ao lidarmos com o processo de envelhecimento em nossa sociedade, apesar de natural e inevitável, esbarramos na “burocratização do outro”, criando “novas terminologias sem sujeitos” (Skliar, 2003), como “a melhor idade” ou “idosos novos” e “idosos velhos” (cf. Noaves-Pinto & Oliveira, 2014), o que mostra algumas das normalizações e rotulações que marcam sujeitos que existem, apesar de não serem vistos.