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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Percepções sociofonéticas do /-r/ em São Paulo
Autor(es): Larissa Grasiela Mendes Soriano. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave sociolingustica, fontica, percepes
Resumo

Este trabalho apresenta um experimento de percepções sociolinguísticas (Campbell-Kibler, 2006) que visa a investigar se informantes paulistanos distinguem diferenças fonéticas entre cinco pronúncias de (-r) em posição de coda silábica, presentes em maior ou menor medida no dialeto paulistano: (i) vibrante com três “batidas”, (ii) vibrante com duas “batidas”, (iii) tepe (vibrante simples), (iv) aproximante alveolar e (v) retroflexa.

Trabalhos recentes na cidade de São Paulo a respeito da pronúncia variável de (-r) mostram a forte estratificação social entre as pronúncias tepe e retroflexa, bem como os diferentes significados sociais que se associam a essas variantes (Oushiro; Mendes 2013; Oushiro 2015). Contudo, tais estudos se concentraram na produção e na percepção de apenas essas duas variantes. Em análise de avaliações sociais feitas por 60 paulistanos em entrevistas sociolinguísticas, Soriano (2014) constata que eles percebem dois graus de retroflexão de (-r) - um “do interior” e um “da cidade” - e diferenciam-nos socialmente.

Inspirado por discussões recentes acerca de fenômenos sociofonéticos (Hay & Drager 2007), aplicou-se um experimento piloto cujo objetivo era investigar até que ponto ouvintes paulistanos diferenciam as pronúncias das variantes (i)-(v), que foram controladas de acordo com o contexto fônico seguinte, vogal precedente e tonicidade. Através do programa PsychoPy (Peirce 2009), 40 participantes responderam em uma escala de 1 a 5 quão semelhantes ou diferentes lhes soavam pares de estímulos - por exemplo, com a palavra horta com as pronúncias (i) e (iv). Assim, previa-se que pares formados por variantes mais “distantes” acusticamente fossem avaliados como 5, enquanto pares mais próximos acusticamente recebessem a nota mínima da escala.

Análises indicam que as percepções dos informantes sobre as diferenças entre os pares seguiram a hierarquia prevista no experimento; no entanto, essas diferenças foram menos salientes do que se imaginava. Quanto ao perfil social dos ouvintes, o local de residência na cidade parece ser o fator mais relevante para as diferenças de percepção, sendo que moradores de regiões periféricas atribuíram menores graus de diferença fonética do que os que residem em regiões mais centrais. Sexo/gênero também parece ser um fator importante, uma vez que as mulheres tenderam a atribuir maiores graus de diferenças acústicas do que os homens. Tais resultados sugerem que as percepções fonéticas são mediadas pelas caraterísticas sociais dos ouvintes.