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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Intimidade sexual e amorosa no discurso da música carnavalesca baiana
Autor(es): Sidiney Menezes Gernimo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Discurso, Intimidade, Sexual-amorosa
Resumo

Este trabalho se propõe a analisar a movência dos sentidos no discurso da intimidade sexual e amorosa, tomando como materialidade discursiva a música carnavalesca produzida na Bahia da década de 1980 à atualidade. O recorte de aproximadamente três décadas comporta estilos musicais popularmente conhecidos como “axé music”, “pagode baiano” e “pagofunk”. A partir de um trabalho investigativo em sítios da internet especializados em compilar letras de música, foram copiadas para o banco de dados da pesquisa canções nas quais, num primeiro gesto de leitura, pode-se flagrar sequências discursivas relacionadas à intimidade sexual e amorosa. Num segundo gesto de leitura, as sequências destacadas são confrontadas com as condições de produção do discurso, a fim de compreender as determinações históricas dos sentidos considerados “íntimos”. Conforme os procedimentos da Análise de Discurso (AD), são examinados os ditos, não ditos, a memória discursiva, as formações discursiva e ideológica e as posições-sujeito inscritas na materialidade discursiva. Da emergência do “axé music” nos anos oitenta, passando pela aparição do “pagode baiano” na década de noventa até o advento do “pagofunk” no início do século XXI, as experiências sexual e amorosa, temática sempre presente no cancioneiro nacional, desde os tempos dos lundus e maxixes, recebem novos sentidos e são submetidas a novos modos de dizer, os quais, progressivamente, vão dispensando tanto o recurso metafórico quanto a assepsia da linguagem e explicitam, detalhada e hiperbolicamente, órgãos e práticas sexuais na cena pública festiva, em discursos repletos de termos e expressões prenhes de sentidos considerados “obscenos”, “eróticos” ou “pornográficos”, cujas fronteiras se embaçam. As recentes transformações nas condições materiais de existência, com a produção cada vez maior de um aparato tecnológico que tanto cria novas formas de interdiscursividade quanto novos mercados à exploração capitalista, intensifica-se a produção de discursos especializados em produzir sentidos de uma intimidade sexual e amorosa cada vez mais explícita, produto de uma historicidade que mercantiliza e reifica todas  as relações sociais, inclusive as tomadas como mais idiossincráticas, íntimas e pessoais, transformando-as num mercado lucrativo.