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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: O uso de digressões em textos orais
Autor(es): Leila Maria Tesch. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Digresso, Tpico discursivo, Texto oral
Resumo

O presente trabalho pretende descrever o uso de digressões em textos orais, verificando em que medida, ao empregar essa estratégia, a interação recebe uma espécie de reorientação de seu sentido. A digressão pode ser considerada como uma ação momentânea de suspensão de um tópico, sendo introduzido um novo e de maior interesse naquele instante, seguindo-se a reintrodução do tópico original. O corpus investigado nesta pesquisa compõe-se de textos orais realizados entre dois entrevistadores e um informante – retirados do banco de dados PortVix (O Português falado na cidade de Vitória/ES). A digressão opera uma mudança de foco em relação ao tópico discursivo em andamento, revelando algo que está no horizonte do campo de percepção do falante. Graças às digressões, a interação verbal recebe uma espécie de reorientação de seu sentido. Por ser o texto conversacional fruto de uma atividade de co-produção discursiva, o tópico precisa ser visto como algo dinâmico e resultante de deslocamentos operados pelos interactantes, de domínios de relevância “centrais” para relevâncias “marginais”, originados pela introdução de novos domínios mencionáveis na interação, a partir de outros já existentes, ou de associações, ou ainda de implicaturas. Nos textos orais, é perceptível a negociação individual de contexto em função do quadro de relevâncias que se estabelece na interação. O falante traz para o contexto situacional algo relacionado às suas experiências de vida, ao seu contexto de conhecimento de mundo. Assim, o foco da cena discursiva é direcionado para um propósito de natureza pessoal, acarretando uma digressão baseada no enunciado. Neste trabalho, pôde-se constatar que a digressão, estratégia conversacional muito utilizada pelo falante, deve ser considerada como um evento coerente, que acrescenta, à atividade dialógica, elementos de base informacional e interacional, intervindo de forma decisiva na instauração, condução e manutenção da organização textual e interacional do evento comunicativo. Embora alguns estudiosos questionem a existência da digressão, as análises deste trabalho possibilitaram a constatação de que ela é uma estratégia empregada pelo usuário da língua, tornando possível emergir algo que estava latente naquele ponto da atividade discursiva. Concluindo, apesar da digressão apresentar caráter suspensivo e flutuante, deve ser tomada como uma estratégia que permite a recriação de uma regra discursiva e traz vivacidade ao jogo textual-interativo, possibilitando um envolvimento maior dos participantes.