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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Ha mudanca linguistica? Os paradigmas do objeto direto anaforico na escrita capixaba
Autor(es): Karina Corra Conceio. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Objeto Direto Anafrico, Jornais Capixabas, Variao e Mudana Lingustica.
Resumo

O preenchimento da posição de objeto direto anafórico há algum tempo é abordado por linguistas brasileiros. Desde Omena (1986), observamos que há uma crescente substituição da forma canônica - pronome pessoal do caso oblíquo, como em “formar um nucleo enorme de alumnos, educando-os (...)” por outras três formas: 2) pronome lexical (“o homem pensou então que (...) chamando [o cachorro] fizesse elle deixar o pacote”); 3) categoria vazia (“fez um pacote de sua roupa, poz [0] em um lugar na margem.”) e 4) sintagma nominal anafórico (“Provincia (...) apresentou [o meu modesto nome] (...). Àqueles, porém, que se apresentarão (...) hostilisando o meu humilde nome (...)”. Em solo capixaba, Yacovenco; Berbert (2013), com estudo ancorado na amostra do PortVix (Projeto Português Falado na cidade de Vitória), verificaram que a fala segue o padrão da brasileira: substituição dos clíticos acusativos por categoria vazia. Partindo da Teoria da Variação e da Mudança Linguística, de William Labov (2008 [1972]), objetivamos analisar este fenômeno em textos jornalísticos capixabas. Para isso, coletamos amostras de quatro jornais capixabas de diferentes sincronias: do final do século XIX à segunda década do século XX. Analisamos as ocorrências de preenchimento de objeto anafórico com base nas seguintes variáveis: período de publicação do jornal; animacidade/humanicidade/especificidade do antecedente, número e função sintática do termo antecedente; e gênero discursivo. Utilizamos o programa Goldvarb X (Sankoff, D.; Tagliamonte, S. A. & Smith, E., 2005) para a codificação e geração de dados. Nossos resultados apontam uma mudança linguística: substituição da forma canônica pelos sintagmas nominais. O final do século XIX favorece o clítico acusativo, com 38,1% dos dados. Antagonicamente, na década de 1970, o sintagma nominal é atestado como a variante escolhida pelos escritores, 87,5%. Elencando os resultados, traremos para a discussão as variantes utilizadas, bem como os dados encontrados, relacionando-os aos outros encontrados por pesquisadores brasileiros.

 

LABOV, William. Padrões sociolinguísticos. São Paulo, Parábola, [1972] 2008.

OMENA, Nelize. Pronome pessoal de terceira pessoa: suas formas variantes em função acusativa. Dissertação (Mestrado em Linguística), PUC/RJ, 1978, p. 139.

SANKOFF, D.; TAGLIAMONTE, S. A. & SMITH, E. Goldvarb X - A multivariate analysis application. Toronto: Department of Linguistics; Ottawa: Department of Mathematics, 2005.

YACOVENCO, Lilian Coutinho; BERBERT, Aline Tomaz Fonseca. Preenchimento do objeto direto anafórico: um olhar sobre a fala de Vitória/ES, In: CARDOSO, C. , SCHERRE, M.M.; SALLES, H.; PACHECO, C. (Org.), Variação linguística, contato de línguas e educação, Pontes, 1ª ed., p. 109-128, 2013.