Programação do 63º seminário do GEL

A definição de adjetivos encontrada em guias gramaticais geralmente se debruça apenas sobre a caracterização dos seres, não reconhecendo as nuances que a referida classe de palavras possui. Desta maneira, este trabalho propõe verificar se a possibilidade de adjetivos relacionais interpretados como adjetivos intersectivos é plausível em português brasileiro. Além desta análise, também busca-se compreender se estes adjetivos possuem propriedades de kinds. Adjetivos relacionais podem ser descritos, de acordo com Bally (in: BOLEDA e MCNALLY, 2004) como adjetivos que podem substituir substantivos sem modificar seus valores de substantivos. Bosque e Picallo (1996) dividem adjetivos relacionais em adjetivos temáticos e adjetivos classificativos, sendo que adjetivos temáticos saturam o Tema do substantivo e adjetivos classificativos acrescentam um domínio ao substantivo principal. Prim (2015), ao sintetizar a teoria de Bosque e Picallo, afirma que adjetivos relacionais são exclusivamente pós-nominais. Tende-se analisar este grupo de adjetivos como intersectivos, ou, de acordo com Boleda e Mcnally (2004), como adjetivos que se referem ao fato de que sua composição semântica e do substantivo pode se caracterizar de forma a perceber uma intersecção entre suas extensões. Além de perceber tais características, também busca-se compreender se adjetivos relacionais possuem propriedades de kinds, que, de acordo com Boleda e Mcnally (2004), se opõem a indivíduos comuns, ou seja, ocorrem quando há apropriação de um termo para se referir a um grupo de indivíduos, sem marcação de indivíduo específico. Mediante análise de adjetivos relacionais utilizados em sentenças do português brasileiro, buscou-se verificar como esta subdivisão na classe dos adjetivos se comporta em termos de adjetivo intersectivo com propriedades de kinds. Após a escolha de um grupo de adjetivos relacionais, foram traçadas comparações em relação ao uso deles em sentenças, de forma a compreender se realmente possuíam tais propriedades, o que se revelou verdadeiro nos casos analisados. Isso indica que classificações mais elaboradas devem ser pensadas em relação aos adjetivos, de maneira que tais diferenças possam ser difundidas e apropriadas por pesquisadores e interessados.

BOLEDA, G.; MCNALLY, L. Relational Adjectives as properties of kinds. Empirical Issues in Formal Syntax and Semantics. 2004. p. 179-196. Disponível em: < http://www.cssp.cnrs.fr/eiss5/mcnally-boleda/mcnally-boleda-eiss5.pdf>. Acesso em: 14/11/2014.

BOSQUE, I.; PICALLO, C. Posnominal adjectives in Spanish DPs. Journal of Linguistics. v. 32, n. 02, set 1996. Disponível em: <http://journals.cambridge.org/abstract_S0022226700015929>. Acesso em: 15/02/2015.

PRIM, C. de S. A sintaxe dos adjetivos em português brasileiro. 157 p. Tese (Doutorado em Linguística) – Instituto de Estudos da Linguagem, Unicamp, Campinas, 2015.