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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Construções e espaços mentais de predicados complexos com o verbo “pegar”
Autor(es): Isabella Venceslau Fortunato. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave Predicados complexos, Gramtica de Construes, Estrutura Argumental
Resumo

O presente trabalho tem o objetivo de tratar de predicados complexos formados com o verbo “pegar”, no Português europeu e no brasileiro, à luz da teoria da Gramática de Construções a fim de descrever e procurar explicar as estruturas sintático-semânticas e as representações mentais das expressões verbais fixas e semifixas por ele formadas. A Gramática de Construções, dentro do contexto da Linguística Cognitiva, tem uma visão não-modular da língua, considerando o léxico e a sintaxe como um continuum de construções, esquemas abstratos, instanciados na língua por determinadas combinações linguísticas. Para Goldberg (2006), o significado da construção não depende dos traços semânticos do verbo, dando conta de estruturas não prototípicas resultantes da combinação do verbo com adjuntos e complementos mesmo em construções composicionais em que o verbo “pegar”, considerado como transitivo direto, é utilizado em construções transitivas preposicionadas e intransitivas. À diferença das combinações composicionais, os predicados complexos com o verbo estudado permitem a ativação de projeções conceptuais determinadas pelas construções gramaticais que forma com os sintagmas com que se combina. Expressões como “pegar no dinheiro”, “pegar no volante”, pegar na espingarda”, “pegar no telefone” vão além do significado prototípico de segurar, agarrar (HOUAISS, 2001), inserindo o evento em um esquema conceitual referente ao objetivo da ação: para pagar, para dirigir, para atirar, para ligar, respectivamente. No caso de predicados complexos mais fixos e opacos semanticamente, ocorre o que se costuma chamar de blending (TURNER, 1991), fenômeno que mescla os espaços mentais ativados tanto pelo verbo como pelo nominal que o acompanha, como “pegar no batente”, “pegar no sono”, “pegar um sol” / “pegar uma cor”, “pegar em armas”, ou “pegar uma doença”, estando o espaço do objeto aberto para todas as palavras abarcadas neste campo semântico. Os dados são retirados de jornais portugueses e brasileiros (digitalizados e disponíveis no site Linguateca) a fim de comparar os espaços mentais ativados por construções com o verbo “pegar” nas duas variedades da língua portuguesa.