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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: A máquina melancólica do mundo e do homem: da máquina do mundo n'Os Lusíadas, de Camões, à Máquina de Joseph Walser, de Gonçalo Tavares
Autor(es): Wellington Furtado Ramos. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave melancolia, Cames, Gonalo Tavares
Resumo

Esta comunicação tem como objetivo verificar em que medida o herói da epopeia camoniana, Vasco da Gama, se configura como melancólico ao ser apresentado por Tethis à "máquina do mundo",  no canto X d'Os Lusíadas. A partir dessa verificação, pretende-se analisar como esse sujeito-herói melancólico camoniano reverbera na literatura de Gonçalo Tavares na figura da personagem que dá título  ao romance A Máquina de Joseph Walser. Procura-se, nesse sentido, pensar em que medida o "heroi" do romance contemporâneo de Tavares se assemelha em sua condição humana, melancólica, ao heroi clássico camoniano. Parte-se, portanto, da defesa em nosso trabalho de que a condição humana é uma condição melancólica, já que se entende que a melancolia pode estar atrelada à noção de sofrimento diante de uma perda que não se sabe exatamente a qual objeto se refere, como lemos em Luto e Melancolia, de Freud. Para unir os laços temporais de dois momentos tão distintos da literatura portuguesa, tomaremos como elemento coadunante a figura da máquina, metáfora da engenharia das relações subjetivas e objetivas: que constituem o ser como tal, mas que também definem sua relação com o mundo. Trata-se, desse modo, de avaliar em que medida Vasco da Gama se dá conta de sua condição humana e se contitui como melancólico ao se deparar com a máquina do mundo, e a assustadora possibilidade de ver o mecanismo da História  em movimento - e, consequentemente, da humanidade - em comparação à relação da personagem Joseph Walser com a máquina do ambiente de trabalho, seu mundo particular, que também o dispõe diante de uma situação limite de experiência que, em outras palavras, tomando o termo de Heidegger, o coloca como Ser diante do Nada. É nessa medida que se articulará a defesa de que a melancolia se configura, nos textos em questão, como qualidade ontológica de herois tão distintos.