63º SEMINáRIO DO GEL - 2015 | |
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Título: | As africadas do Guarani-Mbyá e suas relações sistemáticas |
Autor(es): | Ivana Pereira Ivo. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 09/05/2025 |
Palavra-chave | Guarani-Mby, Fonologia, Africadas |
Resumo |
O objetivo desse trabalho é apresentar os sons africados da língua Guarani, variedade
Mbyá, discutindo, além das suas características acústicas e articulatórias, questões
fonológicas determinantes para o estabelecimento das relações desses sons dentro do
sistema fonológico da língua. Interessa-nos dialogar com as análises anteriores
desenvolvidas para essa variedade, em virtude das diferenças entre elas. Com relação à
africada não vozeada, enquanto Guedes (1983) assume um único fonema palatalizado/,
assumindo como variantes fonéticas a africada palatal não vozeada e a fricativa palatal.
Mello (2000) reconhece um fonema africado, sem, contudo, apresentar qualquer forma
variante e Dooley (2006) assume africada alveolar não vozeada como fonema, que tem
como forma variante a africada palatal condicionada foneticamente. As análises
divergem igualmente quanto ao estatuto fonológico da africada palatal vozeada. Para
Guedes (1983), o fonema é a nasal palatal, com a africada palatal e a aproximante
palatal como formas variantes. Na interpretação de Mello (2000), o fonema é a
aproximante palatal que tem como formas variantes a africada e a nasal palatal. Dooley
(2006), por sua vez, assume a africada palatal como forma variante do fonema nasal
palatal. A análise acústica nos levou a concluir que a variedade analisada opera com
uma obstruinte descontínua pós-alveolar surda, e sua contraparte sonora, pré-nasalizada,
que sofrem palatalização quando precedendo vogais posteriores (algumas vezes também
quando precedendo a vogal anterior média), perdendo a última o contorno nasal por
condicionamento fonético. A análise desenvolvida foi esclarecedora no sentido de
comprovar, conforme dados da variedade estudada, que a africada palatal não vozeada
não é fonema e sim resultado de processo fonético, e que a africada palatal pré-
nasalizada apresenta comportamento similar à série de sons pré-nasalizados da língua, o
que a credencia a ser membro dessa classe de sons. Os resultados dos experimentos
acústicos são discutidos fonologicamente à luz do princípio das oposições distintivas
proposto pela Escola de Praga, o que nos possibilitou elaborar uma proposta para o
lugar e o papel das africadas no sistema fonológico do Guarani-Mbyá.
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