logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Linguagem e metáfora nos Cadernos do Cárcere de Antonio Gramsci
Autor(es): Luciana Nogueira, Renato Csar Ferreira Fernandes. In: SEMINÁRIO DO GEL, 63 , 2015, Programação... São Paulo (SP): GEL, 2015. Acesso em: 05/05/2024
Palavra-chave linguagem, metfora, Gramsci
Resumo

No presente trabalho buscamos trazer o debate de um elemento pouco conhecido no Brasil do pensamento de Antonio Gramsci: a relação entre a linguagem e a metáfora presente nos  Cadernos do Cárcere. Na juventude, Gramsci estudou linguística na universidade e nos trabalhos carcerários podemos notar em diversos momentos as questões em torno da linguagem marcando assim umas das preocupações teóricas do autor. A obra de Gramsci é bastante particular: ela é composta por notas para uma investigação futura, algumas reescritas, outras abandonadas e que nunca foram finalizadas por ele. Algumas delas, como o próprio autor escreve, escritas sem as obras de referências. A análise das condições de produção, principalmente dos elementos de constituição e o modo de formulação dos textos de Gramsci, será fundamental para a compreensão da relação entre a linguagem e a metáfora. As principais notas sobre linguagem e metáfora estão localizadas na crítica de Gramsci a Bukharin. Partindo da afirmação de que “todos os homens são filósofos”, Gramsci concluiu que pela “linguagem” (artística, oral, escrita, etc.), todos os homens participam de uma “concepção de mundo”. A linguagem é composta não por “palavras gramaticalmente vazias de conteúdo”, mas por “um conjunto de noções e conceitos determinados” historicamente. Essa linguagem-filosofia  “é um contínuo processo de metáfora (...): a linguagem é ao mesmo tempo uma coisa viva e um museu de fósseis da vida e de civilizações passadas.” Nesse sentido, partindo da linguagem, Gramsci elabora um caminho para a compreensão das concepções do mundo, ao mesmo tempo em que afirma que essas concepções de mundo são constituídas por meio de um processo metafórico. Suas análises de termos como “anatomia” e “imanência” presentes nas formulações marxistas demonstram como esses termos metaforizados das ciências naturais e da filosofia idealista são reorganizados na filosofia da práxis. Nesse sentido, a questão da possibilidade de se traduzir  a linguagem política francesa de Proudhon na linguagem da filosofia clássica alemã, conforme Marx em  A Sagrada Família  é compreendida por Gramsci como um processo de metaforização. Buscaremos mostrar as implicações que tem a noção de metáfora na noção de tradutibilidade formulada pelo autor.  Nossa retomada do caminho traçado por Gramsci se inscreve numa tentativa de contribuir para uma análise materialista das questões em torno da linguagem, pensando que a língua é metafórica em seu processo mesmo, conforme o autor.