Resumo |
O conceito de estereótipo não ocupou, tradicionalmente, espaço relevante na análise do discurso dita francesa. Mas a consideração de novos corpora (humor, gêneros, questões étnicas e etárias, entre outras), tem levado a considerá-lo com algum destaque. O simpósio dedicado ao estereótipo revela, por um lado, alguma heterogeneidade no que se refere às definições mais “finas”, e, por outro, a percepção de que há mais do que uma “semelhança de família” nesta relativa diversidade. O objetivo é mostrar que sua proximidade com outros conceitos e sua eficácia na construção de corpus de análise, se exige fineza conceitual, permite dar conta de maneira produtiva de determinados traços de discursos (talvez uma espécie de síntese de uma semântica global, que alimenta uma competência discursiva). Os diversos trabalhos, ao mesmo tempo em que têm especificidades, incluem características que os aproximam. Possenti discute a semelhança ou a implicação entre si de diversos conceitos (estereótipo, ethos e cena validada, especialmente),e analisará imagens com traços esperados e inesperados (ambas confirmando estereótipos). Carmelino retoma um conceito relativamente estável de estereótipo e analisa piadas sobre o/do Brasil, para tentar verificar em que medida a história as explica, já que retomam esquemas culturais mais ou menos sólidos. Muniz analisa colunas humorísticas em jornais de Natal durante a belle époque, com ênfase na função disciplinadora (a autora defende esta interpretação) de tais colunas, especialmente quando veicula estereótipos, definidos como identificações atribuídas a um grupo de outro lugar, de alguns sujeitos, notadamente o poeta, o bêbado, a mocinha, o caboclo. Vilela-Ardenghi parte da aproximação entre estereótipo e pré-construído, aproximação que discute, para analisar imagens de Brasil (especialmente a de paraíso terreal, que não cessa de funcionar). O corpus é constituído de discursos sobre turismo e moda. Finalmente, Melo analisa enunciados que circulam nas redes sociais e imagens estereotipadas associadas a eles. P. ex., o enunciado “quando digo que sou professor” é acompanhado dos textos “como meus pais me vêem” e “como eu me vejo” e de figuras como a de uma mulher de óculos sorridente e de um super-herói. A relativa diversidade de materiais deve mostrar a eficácia de valer-se do conceito de estereótipo na análise do discurso.
Palavras-chave: análise do discurso; estereótipo; corpus Â
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