| Resumo |
Este simpósio tem como objetivo reunir pesquisadores que se proponham a discutir o estilo em diferentes gêneros do discurso com fundamento nas reflexões dialógicas de Bakhtin. Na concepção desse filósofo da linguagem, o estilo tem muito mais um viés comunicativo discursivo do que um caráter linguístico de escolha e combinação lexical. A estilística, para Bakhtin, deve basear-se não somente na linguística, mas também no que ele chamou de metalinguística, que traz a palavra para a comunicação dialógica. Quando se descobre o pensamento bakhtiniano sobre estilo, percebe-se que a sua busca é na direção de saber sob qual ângulo dialógico os diferentes estilos de linguagem, as escolhas lexicais e suas combinações se defrontam e se confrontam nos diferentes gêneros do discurso. Os trabalhos aqui reunidos pertencem a diferentes gêneros: a propaganda política, artigo de revista, música, conto erótico e romance e têm em comum o fato de que a língua deve ser vista como atividade social, histórica e cognitiva e os gêneros discursivos, assim como o estilo, podem ser considerados como um efeito individual, mas apreendidos por meio de uma totalidade de discursos. Na propaganda política da presidente Dilma do ano de 2014, pretende-se verificar os propósitos do enunciador ao fazer determinadas escolhas e considera o estilo também como um efeito individual, mas apreendido por meio de uma totalidade de discursos, o interesse justifica-se pela necessidade de se conhecer o potencial significativo do gênero propaganda política manifestado, sobretudo, pelos recursos de estilo presentes nele. Nas músicas de Gonzaguinha investigam-se as estratégias estilísticas e enunciativas empregadas pelo compositor para carnavalizar o discurso desenvolvido pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e pelas Forças Armadas no período da Ditadura Militar no Brasil. Na coluna da Revista Língua Portuguesa “O português é uma figura”, analisa-se a escolha estilística na composição da coluna mensal. No conto erótico “Cinco sentidos”, de Manoel Lobato” o estilo é tratado primeiramente como uma visão de mundo e depois como meio de elaborar o material linguístico que lhe dá forma. No romance “Quarup”, de Antonio Calado a busca é de uma estilística discursiva manifesta em uma estilística linguística, sem perder de vista que autor, herói e ouvinte são componentes essenciais da força viva que preside à escolha da forma e do estilo do gênero de discurso romanesco.
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