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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Uma visada semiótica sobre as manifestações de junho: corpo, valores e história
Resumo As manifestações de junho de 2013 no Brasil surgiram na esteira de outras mobilizações sociais espalhadas pelo mundo, como a Primavera Árabe e o Occupy Wall Street. Como um discurso fundador, as manifestações se caracterizam por apresentar novos modos de protestar e ocupar o espaço público como palco de expressão de insatisfações e desejos de mudança a partir da mobilização nos meios digitais. Ao mesmo tempo, seu novo modo de funcionamento e o fato de ser um acontecimento muito recente estão entre os motivos para que tal movimento não tenha sido completamente compreendido pelos habituais comentadores e analistas políticos, que por vezes utilizaram uma grade de leitura que se mostrou anacrônica diante dos novos modos de se colocar na rua para reivindicar direitos e desejos. Dessa forma, ainda não completamente explicada, as manifestações de junho podem ser melhor compreendidas a partir da análise de seus discursos, os quais se mostram   heterogêneos e polifônicos: de um lado, pelas diferentes razões e paixões que levaram milhares de pessoas às ruas, sem saber ou sentir ao certo o que queriam com aquilo e, por outro lado, pela multiplicidade de vozes, por vezes contraditórias, que revelaram distintos posicionamentos ideológicos e políticos por meio de discursos variados e pontos de vista contrários ao status quo da política. Sem pretender ser o meio pelo qual as manifestações de junho de 2013 encontrarão sua explicação definitiva, o objetivo deste simpósio é reunir pesquisas que se focam em diferentes aspectos suscitados pelas manifestações de junho de 2013 para tentar entendê-las melhor: a relação entre as ruas e o ciberespaço; os valores envolvidos nas representações posteriores às manifestações; o corpo dos manifestantes; e a retomada da história para valorizar ou criticar os movimentos de 2013 por meio das charges. Além do objeto de análise em comum, todos os trabalhos reunidos utilizam a mesma teoria de base: a semiótica discursiva, de Algirdas Julien Greimas e colaboradores. É justamente a partir dos colaboradores que se desenvolvem os diferentes direcionamentos analíticos, com propostas baseadas nas ideias de Landowski, Fontanille, Zilberberg e Floch, apontando para um horizonte de variadas abordagens que a semiótica de linha francesa apresenta em seus mais recentes desenvolvimentos. Esses desdobramentos têm possibilitado à teoria o desenvolvimento de análises de objetos complexos e contemporâneos, como os que constituem as jornadas de junho.Â