logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Investigações em política linguística: diferentes foques e enfoques
Resumo A política linguística, como entendida tradicionalmente, envolve a tomada de decisão no sentido de balizar, fomentar ou proibir o uso de uma determinada língua ou variedade linguística. Assim, ela envolveria a intervenção consciente e propositada de um agente (o Estado, principalmente) em um determinado contexto sociolinguístico. Por implicação, a análise da situação político-linguística de uma comunidade se daria, principalmente, pelo exame de documentos oficiais e de práticas de planejamento linguístico implementadas por agentes estatais. Contudo, nos últimos anos, autores como Schiffman (1996), Spolsky (2004) e Shohamy (2006) vêm apontando que a PL formalizada em documentos oficiais pode não coincidir com aquela que, de fato, vigora na sociedade e que ela pode existir independentemente de um agente que a promova explicitamente. Esses autores propõem, ainda, que se analisem práticas formais e/ou informais de PL implementadas por diferentes grupos sociais e não somente por agentes oficiais. Ricento e Hornberger (1996) sugerem, nesse sentido, que as famílias, as comunidades de imigrantes, os professores de línguas, entre outros, podem atuar como policymakers, isto é, como agentes de política linguística. Por fim, esses autores apontam que a descrição da política linguística de uma comunidade também deve envolver a discussão da forma como as diferentes línguas e/ou variedades linguísticas não representadas na/pela comunidade. Partindo desses pressupostos, este simpósio reúne pesquisadores de diferentes áreas dos estudos linguísticos que têm em comum o interesse pela problemática político-linguística no mundo contemporâneo e que têm investigado a questão a partir de enfoques não convencionais. A primeira das quatro comunicações que o compõem discute as representações sobre a língua inglesa mobilizadas na Proposta Curricular do Estado de São Paulo para justificar a hegemonia dessa língua na Escola Paulista. Ainda sobre o ensino de inglês, o segundo trabalho observa que o ensino dessa língua no Brasil ainda é orientado por uma visão monoglóssica que somente legitima usos linguísticos que se assemelhem ao de um falante nativo idealizado e que, por implicação, condena quaisquer usos que se distanciem desse ideal. A partir do conceito de “pensamento fronteiriço” (MIGNOLO, 2003), a terceira intervenção problematiza a forma como as diversas línguas e culturas latino-americanas foram historicamente solapadas no continente com base nas noções de “hispanidade” e/ou de “hispanofonia”. A quarta e última comunicação volta-se para ações não convencionais de planejamento linguístico implementadas por grupos indígenas brasileiros visando resgatar práticas sociais que possibilitem o uso cotidiano e ritualístico de suas línguas.