| Resumo |
Este simpósio se propõe a articular a relação entre discurso e ensino no entrelaçamento entre a teoria e a prática. Na perspectiva materialista do discurso, na qual a produção dos sentidos importa enquanto um processo na história, as práticas discursivas movimentam os conceitos teóricos a partir dos percursos analíticos traçados. Interessa-nos mobilizar os conceitos de ‘posição de sujeito’ e ‘formação discursiva’ em trajetos de leitura e escrita que nos oferecem a possibilidade de perguntar pelas condições necessárias para que a autoria se realize nas práticas propostas. Queremos compreender a produção dos sentidos na tensão entre as estabilizações reafirmadas pelas instituições que estruturam nossa sociedade e as possibilidades de historicização de novas escutas e novas perguntas. Queremos contribuir para a desestabilização da hierarquia naturalizada entre ‘ensinar’ e ‘aprender’, abrindo possibilidades para que a responsabilização pelo dizer transite entre professor e alunos. Conjugamos quatro percursos de reflexão e análise. Num primeiro momento traremos a pergunta: “Que posições de sujeito compõem o cenário da prática docente?” A partir deste mote, discutiremos a diferença entre posição institucional e posição de sujeito, fazendo trabalhar o conceito de equívoco para chegar ao pré-construído da hierarquia da autoridade de saber no contraponto com o pré-construído do reconhecimento da importância do saber. Duas posições de sujeito que colocam em movimento a dicotomia legitimada entre professor e aluno. Enfocando essa dicotomia, entraremos na discussão da formação do professor de Língua Portuguesa a partir do projeto em fase de realização com acadêmicos bolsistas PIBID do Curso de Letras Português da Universidade Estadual do Centro-Oeste em parceria com professores da Educação Básica, para compreender o funcionamento dos discursos governamentais no que se refere às políticas educacionais em Língua Portuguesa para o Ensino Fundamental II e o Ensino Médio. Em que medida essas políticas abrem espaço para o movimento da autoria? Com esta pergunta em foco, traremos para a cena a prática docente num Centro de Socioeducação com alunos internados no cumprimento de medida socioeducativa. Nesse espaço, os alunos escreveram suas narrativas de vida. A partir dos sentidos de marginalidade que marcam essas narrativas e em meios à quebra de laços com o que a sociedade em geral chama de normal, a possibilidade de autoria é discutida. Finalmente, apresentaremos uma abordagem de leitura de cunho discursivo com material audiovisual, traçando problematizações pertinentes para o processo da autoria na leitura, considerando as particularidades do jornalismo eletrônico em sua textualização. |
