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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Contextos de imigração: por uma política linguística da superdiversidade?
Resumo Neste simpósio, temos como objetivo reconhecer e discutir políticas linguísticas locais em contextos de imigração e de multilinguismo no Paraná e Paraguai. Para dar conta desse objetivo, compreendemos o uso da língua(gem) em práticas sociais e ideológicas, nas quais os usos das línguas têm valores distintivos nos espaços discursivos e mercados simbólicos dos quais as pessoas participam (BOURDIEU, 1998; BLOMMAERT, 2010). O multilinguismo nessa perspectiva é um conjunto de recursos comunicativos ideologicamente carregados, que constituem os repertórios dos falantes, o qual as pessoas usam em suas práticas sociais e práticas linguísticas (HELLER, 2007; BLOMMAERT, 2010; PENNYCOOK, 2010) para fazerem o dia a dia, se constituírem e constituírem a comunidade. Os 05 trabalhos que compõem este simpósio partem desses pressupostos epistemológicos e têm em comum olhar para comunidades de imigrantes no Paraná e no Paraguai, resultantes de diásporas que ocorreram no século XX, tendo gerado dados empíricos por meio de pesquisas qualitativas/interpretativistas realizadas nos seguintes contextos: (i) no cenário fronteiriço Brasil/Paraguai/Argentina, (ii) em uma escola no Paraguai, (iii) em uma escola de comunidade rural de colonização ucraniana em Prudentópolis no Paraná, (iv) em uma comunidade de descendentes de suábios em Guarapuava-PR e (v) em uma comunidade de imigrantes holandeses de Arapoti-PR. Esses estudos mostram, em termos de resultados, que há, por um lado, fronteiras simbólicas negociadas por meio do uso das línguas, reconhecíveis na paisagem linguística do cenário e nas práticas letradas escolares ou em conflitos identitários observados no contexto escolar (GASPARIN, 2015). Por outro lado, práticas escolares, religiosas e econômicas contribuem significativamente para a (re) construção de identidades ucranianas (SEMECHECHEM, 2015), alemães (DALLA VECCHIA, 2015) e holandesas (ZOMER, 2015), nos municípios anteriormente citados. Com a discussão desses resultados e dos trabalhos, esperamos contribuir para uma discussão das políticas linguísticas para esses lugares, nos quais as línguas de imigrantes são cruciais para a vida das pessoas e da comunidade localmente, mas que, em termos de escala global, são invisibilizadas. O questionamento que gostaríamos de compartilhar é: Como as políticas e os planejamentos linguísticos têm contemplado esses cenários em suas políticas de diversidade cultural? Em termos epistemológicos, a questão que se coloca é se os conceitos em torno da superdiversidade, oriundos de uma realidade europeia, são produtivos para olharmos para contextos que se formaram a partir de diásporas em grupo que ocorreram para o Brasil no século XX.