| Resumo |
Este simpósio tem como eixo de referência a perspectiva da teoria da Análise de Discurso, na linha dita francesa, e sua base materialista histórica, enquanto dispositivo teórico e dispositivo analítico ou enquanto reflexão teórica propriamente dita - no campo da epistemologia althusseriana ou na filosofia da práxis. Entretanto, aquele eixo se cruza com outro relacionado a problemas específicos que norteiam as investigações que compõem este simpósio. A saber, o problema motor de nossos trabalhos gira em torno da produção e delimitação dos ditos conhecimentos científicos; da constituição, por meio da linguagem, das concepções de mundo ou filosofias espontâneas dos sujeitos; das tecnologias de linguagem, na forma de dicionários e das mídias eletrônicas, cujo papel na estabilização e circulação do conhecimento científico ou de concepções de mundo/ideologias não é negligenciável. Esse conjunto de questões está, segundo nossa leitura, inelutavelmente perpassada pela instância da linguagem, por um lado, e pelas condições históricas, por outro. Consideramos que é impossível pensar a produção de conhecimento para além, ou para aquém da linguagem (problema da opacidade/transparência da linguagem). Por sua vez, as concepções de mundo se dão por intermédio de um processo metafórico linguageiro, funcionamento estudado pela filosofia da práxis. De outro lado, os dicionários e/ou as mídias eletrônicas, enquanto tecnologias de linguagem, (re)produzem estabilizações de sentido por meio de processos parafrásticos. Contudo, a linguagem por si só não tem sentido, é somente com sua inscrição na história que efeitos de sentidos emergem entre determinados locutores, isto é, enquanto discurso. Nesta ótica, o problema da produção e da objetividade do conhecimento exige que se leve em conta que a prática científica produz sobretudo discursos. Do mesmo modo, concepções de mundo só circulam e se reproduzem/se transformam porque se efetivam como discursividade. Por seu lado, a reprodução e a circulação de dados conhecimentos ou concepções se efetivam, dentre inúmeras outras formas, em dicionários e mídias eletrônicas, cujo discurso visa a um dado efeito de sentido - remontando a universos logicamente estabilizados ou à chamada língua de vento. |
