logo

Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Políticas, Ideologias e Repertórios Linguísticos em cenários Bi/Multilíngues
Resumo A superdiversidade que caracteriza a nova ordem mundial e que é resultado da intensificação dos movimentos migratórios e das interações interculturais possibilitadas pela globalização e pelas novas tecnologias (VERTOVEC, 2007), vêm, não apenas promovendo o multilinguismo planetário, mas tornando cada vez mais visível os cenários bi/plurilíngues já existentes  (BLOMMAERT, 2010).  Decorre daí o fato de que a elaboração e a condução de políticas linguísticas em contextos bi/plurilíngues passou, em nosso país, a fazer parte da atual agenda de investigação de um número considerável de pesquisadores brasileiros de diferentes áreas dos estudos da linguagem. Os 05 trabalhos que compõem este simpósio focalizam essa temática considerando dados empíricos gerados em pesquisas qualitativas/interpretativistas realizadas nos seguintes contextos multilíngues: (i) no Acre Indígena, (ii) na região fronteiriça Brasil - Paraguai, (iii) em famílias de sujeitos surdos, (iv) em uma comunidade de trabalhadores transplantados coreanos na região metropolitana de Campinas, São Paulo e (v) em escolas bilíngues na cidade de São Paulo. Todos esses estudos estão inseridos no campo da Linguística Aplicada e têm, em comum, o fato de estarem orientados pelos pressupostos teóricos descritos a seguir. Políticas linguísticas têm que ser consideradas, não apenas como intervenções engendradas pelo Estado, mas também como ações arquitetadas localmente (CALVET, 2007). Elas muito raramente têm como objetivo principal a manipulação, pura e simples, de uma dada situação sociolinguística: o que se almeja, quase sempre, é a manipulação das identidades dos falantes de uma dada língua, seja no sentido de enaltecê-las ou de denegri-las (MAHER, 1998, 2013; SCHIRA, 2003, BEREMBLUM, 2003). Decorre daí – bem como do fato de que políticas linguísticas são sempre orientadas por ideologias linguísticas (SCHIEFFELIN et al., 1998) –, que o estabelecimento de uma política linguística não é nunca um processo neutro, apolítico ou isento de conflito (HAMEL, 2003; RICENTO, 2006; McCARTY, 2011). Contempla-se, por último, que mais produtivo do que considerar línguas isoladamente e como entidades discretas em situações de bi/multilinguismo é pensá-las como recursos que compõem os repertórios comunicativos dos falantes, já que isso permite também refletirmos sobre as práticas transglóssicas frequentemente observadas nesses contextos (GARCIA, 2009; CANAGARAJAH, 2013). Nossa expectativa é de que o simpósio aqui proposto possa contribuir para o debate acerca de algumas questões de fundo imbricadas no campo das políticas linguísticas em contextos brasileiros multilingues.