Resumo |
Desde o século XIX, a vida intelectual brasileira foi marcada pelo tema da identidade nacional. Gestado na tensão entre originalidade e imitação, de um modo geral, esse tema ofuscou, na medida em que se impôs ao campo de estudos, a originalidade da própria problemática: na dialética entre nacional e estrangeiro, pertença e ruptura, os letrados brasileiros estabeleciam um diálogo com literaturas europeias que não enfrentavam o mesmo dilema, uma vez que lá o estado-nação já se formara muito antes, em um momento cujos embates culturais se travaram em torno da própria língua literária, e não de formas literárias. Assim, pensar a atuação dos literatos a partir dos próprios termos em que estes a definem é ao mesmo tempo o caminho para relativizar esses termos. Pensar a especificidade histórica da literatura brasileira a partir da maneira como ela formula o problema de sua própria existência significa também compreender como ela joga luz sobre determinadas questões ao mesmo tempo em que deixa outras à sombra. O objetivo dessa mesa-redonda é pensar as perspectivas de uma discussão da literatura brasileira a partir da interação de diferentes sujeitos, em sua diversidade de interesses e papeis sociais, buscando compreender a riqueza dos processos dentro dos quais pessoas, instituições e estratégias foram moldando a produção, circulação e recepção de textos de que resultou o patrimônio literário que hoje reconhecemos. |