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Programação do 63º seminário do GEL


63º SEMINáRIO DO GEL - 2015
Título: Monopólio do inglês ou um modelo plurilíngue? Rumo a políticas de linguagem nas ciências em educação superior para a América Latina - Prof. Dr. Rainer Enrique Hamel
Resumo Durante o século XX, ocorreu no âmbito das ciências e de sua difusão, uma transição de um modelo plurilíngue restrito a umas poucas línguas europeias a um quase monopólio do inglês, como parte da globalização na comunicação internacional. Essa tendência que observamos, sobretudo, nas publicações científicas, vem acompanhada atualmente de uma maior penetração do inglês enquanto língua de ensino nos programas de pós-graduação, os quais atraem um crescente público internacional com a progressiva mobilidade estudantil. Hoje, encontramo-nos em uma disjuntiva crucial, com consequências possivelmente irreversíveis. Podemos transitar de uma hegemonia para um monopólio total do inglês que excluiria a todas as demais línguas das ciências; ou, ao contrário, avançarmos para um modelo plurilíngue renovado que reforce a diversidade de línguas, das estratégias discursivas e dos modelos culturais de fazer ciência e ensino superior. Há quatro boas razões, particularmente na América Latina, para opor-se ao monopólio do inglês nessa área estratégica: os riscos teórico-metodológicos de um monolinguismo para a criatividade nas ciências; o problema das crescentes assimetrias de poder e conhecimento entre comunidades linguísticas diferenciadas; as consequências da atrofia e do estancamento das línguas internacionais que abandonam esse campo e as consequências negativas do monolinguismo anglófono para uma simétrica cooperação internacional. A partir de uma perspectiva das políticas de linguagem, das ciências e do ensino superior, parece equivocado aceitar a fragmentação do campo, tal como ocorre em estudos tendenciosos que separam as publicações do restante das atividades científicas e que diagnosticam um monopólio quase irreversível do inglês nas revistas internacionais como justificação para a transição do campo, em seu conjunto, para essa língua hegemônica. Como alternativa, proponho conceber o espaço das ciências e do ensino superior em seu conjunto, estruturado como campo sociológico e comunicacional (Bourdieu, Gumperz) que integra as esferas da produção, da circulação e da formação. Essa seria a unidade e o objeto adequados para analisar e planificar os usos das línguas. Como tema de discussão, proponho, finalmente, alguns elementos de modelo plurilíngue para definir políticas integradas da linguagem, das ciências e do ensino superior na América Latina.